domingo, 21 de fevereiro de 2016

LIXO NOS MARES E NOS OCEANOS: uma tragédia ambiental crescente, sem fronteiras e sem controle.


Os números são assustadores: por dia são encontradas, em média, seis tartarugas marinhas mortas na praia do Cassino, em Rio Grande/RS. Conforme dados do “Projeto Tartarugas no Mar”, em novembro de 2014 foram encontradas 124 tartarugas mortas desde o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, em Tavares, até as praias de Chuí, na fronteira com o Uruguai. Um mês depois, este número subiu para absurdos 226 animais. Ainda segundo dados dos pesquisadores, 85% das tartarugas encontradas mortas no litoral gaúcho apresentam lixo descartado por seres humanos no estômago.
O cenário identificado em Rio Grande não é uma exclusividade da cidade gaúcha. Em todo o território nacional, aliás, em todo o planeta, é crescente a morte de espécies marinhas pela ação predatória do homem, seja pela pesca ou caça descontrolada, ou pela poluição e lançamento de efluentes e resíduos sólidos nos mares e oceanos.
Assim, não apenas tartarugas, como golfinhos, baleias, toninhas, focas, leões marinhos, e todos os tipos de peixes e aves marinhas, são diariamente vitimados pelas alterações das condições de saneamento das águas ou pelo consumo de lixo. Aqui não falo de desastres ambientais como o do navio Ger-Maersk, no Rio Elba, mas de um descarte contínuo de material poluente nos oceanos, capaz de criar verdadeiras ilhas de lixo em regiões como a costa oeste dos Estados Unidos e do Canadá e outras regiões do Oceano Pacífico.

desastresambientaiscontinentedelixo_

Foto: embarcação atravessando o lixo em curso d’água na Índia.

Em 2008 foram encontrados 134 tipos de materiais de pesca no estômago de duas baleias da espécie cachalote no litoral norte-americano. Uma baleia, da espécie Cuvier, encalhou no litoral da França com 30 quilos de plástico no estômago. Além disso, calcula-se, aproximadamente, que 250.000 aves são vítimas de intoxicação por hidrocarbonetos anualmente na Grã-Bretanha.
lixo-mares03
 Foto: Albatroz morto pela ingestão de plástico.
Aliás, os plásticos e os metais, pela demora na dissolução, são os maiores causadores de mortes, lesões e ferimentos de espécies marinhas, tema este que já foi objeto de alerta pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, no ano de 2011. O crescimento constante do uso de plástico e o baixíssimo índice mundial de reciclagem do material, apenas contribuem para o aumento do problema.
Outro exemplo de desequilíbrio ambiental que tem sido observado diariamente, especialmente na época de veraneio, é o aumento de medusas, caravelas, águas-vivas e outras formas de acnidários nas praias, situação esta que é determinada pelo crescimento na reprodução destas espécies em razão da elevação da acidez das águas oceânicas, e pela morte indiscriminada dos seus principais predadores, notadamente de tubarões.
Mas de onde vem essa degradação ambiental? Existem pelo menos quatro grandes causadores da poluição no mar por lixo: o depósito inadequado de resíduos urbanos; a atividade desregrada de turistas no veraneio; o descarte deliberado de resíduos pelo mercado industrial e por alguns países para fugir das regras de controle de resíduos; o lançamento de resíduos pela navegação comercial e turística.
Começamos pelo mais evidente, que é a gestão inadequada dos resíduos urbanos. Não é preciso ser um grande mestre em geografia para verificar que a grande maioria grandes metrópoles planetárias está próxima ou do litoral ou de cursos d’água. Este modelo de ocupação tem uma determinante histórica importante que é a facilidade de comunicação e, por via de consequência, de comércio. 
Os mares, rios e oceanos sempre foram os grandes meios de locomoção internacional no passado e, ainda hoje, em diversas regiões, preservam tal característica. Por esta razão, as grandes cidades foram erigidas no litoral ou próximo dele, mas quase nunca estabelecendo uma relação equilibrada com a natureza.
Pois os mesmos rios, lagos e lagoas que no passado conduziam embarcações, hoje carregam milhões de toneladas de efluentes domésticos e industriais, e de resíduos sólidos para os mares e oceanos. Quando este material poluente chega às áreas estuarinas da costa, acaba se juntando com os resíduos descartados pelos moradores das cidades litorâneas, criando um verdadeiro desastre ambiental.
Logo, não é por acaso que enfrentamos diariamente uma tragédia ambiental em diversos cantos do planeta na gestão de resíduos sólidos.
O resultado da ação poluidora humana está promovendo a contaminação das águas, do solo, da areia das praias, um “verdadeiro genocídio” de espécies aquáticas, além do aumento da fome e do desemprego das comunidades pesqueiras.
Portanto, poluir os mares e os oceanos é muito mais do que uma conduta inconsequente. É um crime contra o ambiente, contra as outras espécies, contra a humanidade e as gerações futuras.
Publicado por: Gabriela Dias e Yasmin S.

Nenhum comentário:

Postar um comentário