Depois de muito tempo, os cientistas finalmente conseguiram responder àquilo que todo mundo queria saber: sim, existe água em estado líquido em Marte! O anúncio foi feito pela Nasa, agência espacial norte-americana, na manhã desta segunda-feira (28/09). Além de ajudar a compreender o ciclo da água no planeta vermelho, a descoberta alimenta a esperança de encontrar vida por lá.
Áreas montanhosas de Marte têm linhas que aparecem no verão e desaparecem no inverno marciano: para cientistas, são ‘riachos’ de água salgada escorrendo.
As evidências de ‘riachos’ de água em Marte já apareciam em imagens capturadas por uma nave espacial há alguns anos, mas faltavam provas mais concretas. Na época, os cientistas perceberam que encostas de crateras apresentavam linhas com alguns metros de largura, só que não conseguiam enxergá-las com clareza. Foi preciso desenvolver um novo método que permitiu analisar as imagens detalhadamente e descobrir que substâncias poderiam estar presentes nas linhas – os tais ‘riachos’, que aparecem no verão marciano e somem no inverno.
O que os pesquisadores encontraram fez o mundo da ciência entrar em pavor. Há sais minerais ricos em água por ali – um sinal de que foi água mesmo que passou pelos tais ‘riachos’. “Saber que a água líquida está associada a esses sais, que podem ser facilmente detectados por sensores, fornece uma ‘assinatura’ para a água. Essa descoberta pode servir de base para a busca de assinaturas semelhantes na superfície de Marte”, explica o geofísico Ricardo Trindade, da Universidade de São Paulo (USP). Ficou mais fácil, assim, encontrar outros locais onde a água pode estar presente.
A cratera Garni foi um dos quatro locais analisados por pesquisadores na superfície marciana.
A pergunta que não quer calar é: “onde tem água, tem vida”? Neste caso, os cientistas já sabem que as condições encontradas atualmente em Marte não seriam suficientes para suportar a vida como encontrada na Terra. Entretanto, comunidades de micróbios poderiam sobreviver em ambientes assim. “Um caminho interessante para os astrobiólogos seria simular as mesmas condições aqui na Terra e investigar o comportamento de tais organismos nessas condições”, diz Ricardo.
O deserto do Atacama, no Chile, tem características parecidas com Marte. Lá, o derretimento de cristais hidratados de sal sustenta a vida de comunidades microbianas. Será que esses micróbios também conseguiriam sobreviver em águas salgadas marcianas?
Além da possibilidade de encontrar vida, o geofísico lembra que a descoberta de água em estado líquido desperta outro sonho antigo da humanidade: colonizar Marte. “O fato de haver água, mesmo que em pequena quantidade e associada aos sais, é uma descoberta importante para pensarmos na possibilidade de habitar o planeta”, garante Ricardo.
O próximo grande passo das investigações deverá ser dado após 2020, quando a sonda não-tripulada Exomars vai pousar em Marte em busca de amostras que poderão ser analisadas aqui na Terra. O caminho rumo ao planeta vermelho ainda é longo!
Publicado por: Yasmin S., Ana Carolina e Gabriela Dias.
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